top of page
Buscar

Para fazer uma festa, é preciso arrumar o salão

  • Foto do escritor: Dayse Santos
    Dayse Santos
  • 25 de set. de 2022
  • 5 min de leitura

Atualizado: 16 de mai. de 2023



Você já organizou uma festa? Talvez não. Mas certamente já foi a uma!

Chegou a imaginar o trabalho para deixar tudo maravilhoso? (E o povo ainda sai falando...).


Ou, se você organizou a festa, sabe do que estou falando.


Acho que com a nossa vida financeira tem um pouco disso. Não dá para ter a alegria da festa sem antes arrumar o espaço para dançar!


Há duas semanas, falei com vocês sobre o quanto o dinheiro é fluido. Se não estabelecermos limites, ele vai ocupar todo o espaço possível. Todo o espaço de “necessidades” que sejamos capazes de imaginar.


É por aqui que vamos começar e depois eu volto à festa!


Pois bem, nem todos nascemos com o chip financeiro implantando em nossas mentes. Nem todos nascemos ou crescemos em um ambiente que propicie o hábito da poupança (não o produto financeiro, o ato de poupar).


Como disse Ortega y Gasset:


“O homem é o homem e a sua circunstância”.


Mas o que faz de nós mais humanos é exatamente a capacidade de aprender.

Sobre o quanto o dinheiro é fluido e ocupa todo o espaço disponível a menos que estabeleçamos limites, vou contar para vocês um pouco de como foi o meu processo em compreender isso.


Sou formada em Biomedicina e durante minha graduação realizei uma atividade de iniciação científica, a qual me remunerava em torno de R$ 320,00. Aquilo, na época, me parecia uma fortuna. Dava para tirar as xerox da universidade, comprar as passagens de ônibus, ainda tem alguma alegria com as amigas, essas coisas. O que eu não tinha era: uma mente poupadora. Eu não nasci em um ambiente que propiciasse isso. Investir? Muito menos... Coisa de rico.


“Para quê poupar algo disso? É tão pouco! Quando eu ganhar dinheiro de verdade, poderei poupar”.


E assim foi...


Terminei a graduação, em seguida ingressei no mestrado em Bioquímica. Na época minhas aspirações em completamente acadêmicas. Vi minha remuneração passar de R$ 320,00 para R$ 1.200,00.


Uau! Agora sim eu estava rica...


Contudo, um fenômeno estranho começou a acontecer.

Um dia eu estava no laboratório comentando:


“Gente... Quando eu ganhava bolsa de IC, meu dinheiro dava pra tudo, agora ganho bolsa de mestrado e não tô vendo pra onde vai esse dinheiro...”.


Isso era 2009!


Até que Ana Katarina, servidora técnica do laboratório onde fazia mestrado, me fez uma pergunta que mudaria a minha vida para sempre:



“Por que você não faz uma planilha?”.

Pronto! Assim foi! Ela me passou a planilha dela inicialmente, a qual adaptei para minha realidade e comecei a usar. Na verdade, uso até hoje! A planilha evoluiu comigo, mas tudo começou nesse dia.


Aí você me pergunta: “Pronto, Dayse, foi daí que você virou investidora?”.


De jeito nenhum, meu jovem!


A história dos investimentos vai ficar para outro dia...

Com a planilha, eu comecei a, pelo menos, ver o para onde ia o meu dinheiro, conseguia ter um horizonte de organização para um ou dois meses à frente, mas só. Com a planilha, eu nunca mais caí em cheque especial. Sim! Já cai. Por não ter visão dos meus gastos.


Eu gosto tanto da minha planilhinha, que já tive acesso a uma super planilha de orçamento do Gustavo Cerbasi (sério, é maravilhosa), mas acabei voltando para minha.


O hábito ficou muito internalizado.


Aí eu já vejo você aí com suas objeções: “Ah! Esquece! Detesto planilha!”

E quem disse que você precisa usar uma? Só estou contando o que funciona para mim.

Conheço uma pessoa cuja organização financeira sempre admirei e ela não usa planilha. Minha cara amiga Lucilla! Com 30 anos, ela já tinha seu apartamento quitado e zero planilhas.


O modo como cada pessoa monitora seus gastos é algo muito particular. O importante é monitorar, pois, lembre-se: o dinheiro é fluido, ele vai correr feito um corcel indomado se não for direcionado.


E aqui chegamos ao ponto com o qual pretendo ajudar você a começar a mudar sua vida financeira hoje, caso você ainda não tenha realizado esses passos claro.


Comentei que os textos iriam seguir por uma vertente mais prática. Vamos sair da filosofia das finanças e investimentos e colocar a mão na massa.


Pois bem, para dar uma festa é preciso arrumar o salão!

O salão é a sua vida. E uma festa é o que você terá, se conseguir deixar tudo bem organizado.


O que vou trazer aqui são algumas opções de orçamento para que você possa adotar de acordo com o que pareça mais viável no momento. Vamos do que eu considero mais difícil para o mais fácil...


Nathalia Arcuri


Um dos primeiros orçamentos com o qual tive contato foi esse aqui proposto pela Rainha das Finanças.


Clique na foto para vídeo completo!


55% gastos essenciais;

5% aposentadoria;

5% reserva;

10% educação;

15% sonhos de médio prazo.


"Essa mulher só pode estar louca achando que meus gastos essenciais vão caber em 55% do meu salário."

Foi a primeira coisa que pensei. Confesso.


10% educação? Não vejo necessidade agora... Fui fazendo várias objeções ao planejamento da Nath. A Nathalia de 5 anos atrás pareceu-me extremamente rígida. Hoje já a considero mais complacente. Na edição atualizada do seu livro, ela propõe o que chama de Receita do sucesso financeiro 70/30. A distribuição é a seguinte:


55% gastos essenciais;

5% educação;

20% curto prazo.

10% aposentadoria;

10% para gastar livremente.


Mais ameno né? Sim, mas ainda restritivo e até um pouco complexo.


Vamos à segunda opção:


Ramit Sethi


60% para manutenção da sua família;

10% para investimentos (exclusivamente para aposentadoria);

10% para poupança e objetivos de curto prazo (gastos imprevistos, férias, presentes etc.)

20% para gastar livremente.


Tive conhecimento desse orçamento através do Rafael Seabra.



Clique na foto para vídeo completo.


Pareceu-me muito mais aceitável na época. E foi esse que busquei seguir desde então.


Gustavo Cerbasi


Em seu livro “Como organizar sua vida financeira”, Gustavo Cerbasi traz o seguinte:


“A recomendação é investir entre 10% e 20% dos seus ganhos mensais, ou seja, assumir que sua renda para consumo está entre 80% e 90% do ganho real.”

Ele também nos lembra que o segredo do sucesso é automatizar esse processo. Ao invés de esperar chegar ao final do mês e ter poupado esses 10% a 20% para investir, você deve fazer o que os educadores financeiros costumam chamar de “Pagar-se primeiro”. Assim que a grana cair na conta, já envie o valor determinado para seus investimentos.


Calma que vou te ajudar a saber quanto é isso.


George S. Clason


Chegamos ao final das possibilidades de orçamentos que pretendia trazer para você com o que é exposto no livro “O homem mais rico da Babilônia”.


“Esta, meus discípulos, foi a primeira solução que descobri para a minha falta de dinheiro: ‘Em cada dez moedas conseguidas de qualquer fonte, não gaste mais do que nove’. “

Ou seja, 10%.


Se para você hoje 10% ainda não são possíveis, que tal 5%? 1%?


Faça um raio-X de como estão seus gastos e veja como encaixá-los no orçamento possível hoje. Essa é a parte mais dolorosa do planejamento financeiro, pois você poderá se deparar com uma realidade muito dura sobre si mesmo.

Eu lhe chamo à reflexão: se você cair e estiver com dor no pé, prefere fazer um raio-X, imobilizar, se necessário, tomar os remédios e voltar a andar bem ou fazer vista grossa e esperar “melhorar”?


Vou deixar aqui o link de uma planilha na qual você poderá colocar seus ganhos totais no mês e ver como a sua renda se distribui em cada um dos orçamentos propostos.



Preciso trazer uma realidade para vocês, acho que todos nós gostaríamos de que nosso crescimento financeiro fosse parecido com o crescimento de uma curva do CDI, contínuo e sem solavancos. Mas na verdade, está mais para a curva do IBOV, cheio de altos e baixos.



CDI - rosa / Ibov - amarelo /minha carteira - roxo


Nem sempre você vai conseguir manter os percentuais certinhos, algum mês ou outro você pode não conseguir investir nada, mas o fato é que ter ao menos o orçamento, vai te dar um norte sobre para onde voltar.


Depois que você fizer essa primeira tarefa (muita informação por hoje), poderemos seguir adiante e pensar onde alocar os percentuais para investimento. Bom trabalho!



Texto por: Dayse Santos Arimateia

Especialista em Investimentos ANBIMA

Consultora de Investimentos CVM na Portfel Consultoria Financeira.


Publicado originalmente em 11 de junho de 2022.



 
 
 

Comentários


protfel BRANCO horizontal com linha fina.png
Prancheta 54.png
Selo-ANBIMA-CEA-colorido.jpg
Grupo Primo Branco.png
bottom of page