Fiel no pouco, fiel no muito...
- Dayse Santos
- 25 de set. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2022

Atire a primeira pedra quem nunca pensou o quanto seria bom ter alguns dígitos a mais na conta...
Já pensou ter uma renda mensal de 70 mil reais? Maravilhoso né?
Mas será que essa seria mesmo a solução para todos os nossos problemas?
Essa semana estava ouvindo um podcast do Eduardo Amuri e da Vivian da Papo de Valor. Na discussão de cases, a Vivian falou sobre um cliente que tinha 70 mil reais de renda mensal, mas não tinha acumulado patrimônio. Possuía um carro e uma casa ainda na metade do financiamento. Chocante? Nem tanto.
Acho que todos nós já ouvimos histórias de pessoas que ganharam fortunas, mas perderam tudo. Ganhadores de loteria que em pouco tempo voltaram para as mesmas condições de antes ou até pior, contraindo dívidas que não foram capazes de sustentar.
O que explica isso? Não seria o dinheiro a solução para todos os nossos problemas? Por que essa pessoa com renda mensal de 70 mil reais não estava vivendo de forma tranquila e feliz?
Acredito que isso tem a ver com duas palavras: CONTEXTO e RELACIONAMENTO.
SOBRE CONTEXTO
Vivian relata que o cliente estava inserido em um círculo social do qual sentia ser impossível sair.
“Preciso viajar daqui a dois meses para as Maldivas...”.

Não se enganem! O dinheiro é fluido, se não estabelecemos limites para ele, ele vai ocupar todo o espaço possível. Todo o espaço de “necessidades” que formos capazes de imaginar.
Necessidades está entre aspas mesmo! Pois, cá pra nós, sabemos que nem sempre empregamos nossos recursos em necessidades reais.
O que nos leva à segunda palavra.
RELACIONAMENTO
Nosso relacionamento conosco. Os nossos três eus:
O meu eu do presente;
O meu eu que faz planos e tem sonhos a realizar;
E o meu eu velhinha.
Quando falamos sobre estabelecer limites para o dinheiro, a primeira objeção das pessoas é
“ Ah, mas eu posso morrer amanhã...”.
Verdade. Pode! Mas e se não morrer? Já pensou nisso?
O nosso eu do presente quer ser feliz, o que é muito justo. Trabalhamos duro para isso! E é pra o nosso eu do presente que geralmente destinamos a maior parte dos nossos recursos.
Mas somos mais que isso. Somos a pessoa que ter uma casa, fazer uma viagem, fazer um curso, ter uma família, atravessar o deserto do Saara de moto... A questão é que esse nosso eu de daqui a alguns anos precisará de dinheiro livre para realizar esses sonhos.
E temos o nosso eu velhinhos. Aquele momento em que vamos começar a querer diminuir o ritmo de trabalho, provavelmente vamos precisar de mais cuidados médicos... Também precisaremos de dinheiro para esse momento.
Que acontece se priorizarmos somente a dimensão presente de nós?
Isso mesmo que você imaginou.
É necessário buscar um bom relacionamento com essas três dimensões. Quando fazemos isso, acabamos resolvendo o problema de contexto. Entendemos qual a nossa realidade e evitamos cair na armadilha de viver uma vida além das nossas possibilidades.

Imagine o dinheiro como um rio fluindo. Se não colocamos barreiras nesse caminho para que ele trabalhe para nós, a exemplo de um moinho, ele se dissipará no mar das necessidades criadas pelo consumismo. Esse moinho são os nossos investimentos.
É necessário ser fiel no pouco, fiel a nós mesmos. E estaremos preparados para sermos fieis no muito. E aqui entra o papel fundamental da educação financeira.
Texto por: Dayse Santos Arimateia
Especialista em Investimentos ANBIMA
Consultora de Investimentos CVM na Portfel Consultoria Financeira.
Publicado originalmente em 28 de maio de 2022.
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