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Bitcoin e os faraós!

  • Foto do escritor: Dayse Santos
    Dayse Santos
  • 2 de nov. de 2022
  • 5 min de leitura


Hoje vamos falar sobre razoabilidade. Opa… Mas o tema não era Bitcoin?


Isso mesmo.


Ao invés de fazer um texto repetindo tudo que você pode encontrar sozinho na Internet sobre Bitcoin, acredito que será mais proveitoso compartilhar algumas reflexões em torno de alguns desdobramentos dessa nova tecnologia.


Mas antes, uma breve introdução.

O Bitcoin faz parte de um grupo de moedas digitais chamadas criptomoedas. Esse termo cripto faz alusão a algo que é protegido; algo que existe digitalmente de forma íntegra e autêntica.


O Bitcoin foi a primeira criptomoeda criada e seu objetivo foi oferecer um modo de transferência de recursos entre pessoas (peer-to-peer) de forma independente das instituições financeiras. Para garantir a segurança dessas transações, elas ocorrem através de uma nova tecnologia chamada blockchain.


Imagine que você queira me mandar um dinheiro (se quiser pode mandar)! Será preciso acessar o aplicativo da sua instituição financeira, inserir a chave Pix e pronto! Ou realizar um TED, ou DOC. Essas duas últimas formas, na verdade, já estão ultrapassadas graças ao Pix, mas acredito que deu pra pegar a ideia.


Agora imagine que você queria enviar dinheiro para um amigo seu que é dinamarquês. Complicou né? Como o dinheiro sairia da sua conta no Brasil e chegaria até ele? Esse é um dos problemas que o Bitcoin se propõe a resolver. Transações com essa criptomoeda podem ser realizadas entre pessoas em qualquer lugar no mundo sem a necessidade de uma instituição financeira tradicional.


Conforme dito por seus idealizadores:


“O que precisamos é de um sistema de pagamento eletrônico baseado em prova criptográfica em vez de confiança, permitindo que duas partes dispostas a negociar o façam diretamente uma com a outra sem a necessidade de um terceiro”.

O Bitcoin foi criado em 2009 por uma pessoa (grupo de pessoas, ninguém sabe) que se intitulou Satoshi Nakamoto. E toda a ideia está descrita em um documento chamado WhitePaper.



Whitepaper — documento que contém as informações referente ao objetivo e características do Bitcoin.


Resumindo: Bitcoin é um dinheiro eletrônico. Cuja confiança das transações é garantida através de uma nova tecnologia chamada blockchain!


Aí você me pergunta:


“Tá, mas quem diz qual o valor disso?”

E eu te pergunto: Quem diz qual o valor dos reais que constam na sua conta?


Quem diz o valor do dinheiro somos nós! Humanos. O dinheiro tem valor porque acreditamos nisso.


Antigamente, as moedas tinham lastro em coisas físicas. Elas eram feitas de metal. Ouro, prata, bronze… Depois vieram as notas em papel. E essas notas tinham a confiança do seu valor estimada pela quantidade de ouro que determinado país tinha em suas reservas.


O lastro em ouro caiu por terra em 1971, quando o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, desvinculou o valor do dólar das reservas de ouro. No seu pronunciamento ele disse:


“A força da moeda de uma nação é baseada na força da economia dessa nação. E a economia americana é, de longe, a mais forte do mundo”.



Veem como algo que impacta concretamente nossas vidas é uma abstração? Uma mera questão de confiança?


Como disse Simon Sinek em seu livro Começe pelo porquê:


“Valor, por definição, é a transmissão de confiança”.

Como todos sabemos, até o momento, o dólar continua sendo a moeda mais forte.


Poderíamos continuar por horas e horas, mas eu só preciso que você entenda que valor é algo, de certa forma, subjetivo.


Ao contrário do dólar, o Bitcoin ainda não passou em um teste essencial para qualquer moeda: o teste do tempo. Ainda há um longo caminho para que o Bitcoin possa ser considerada uma reserva de valor como o dólar é atualmente. Se é que isso acontecerá.


Não posso prever o futuro. E como diz Ray Dalio:

“Quem vive olhando para uma bola de cristal, está fadado a comer caco de vidro”.

Como não quero comer cacos de vidro, posso apenas compartilhar o que venho observando.


Vejo a adoção do Bitcoin se difundindo. Recentemente, fiquei surpresa com a publicação no Instagram de uma colega que mostrava um bar aqui em Natal aceitando Bitcoin. Até compartilhei no grupo com os amigos investidores.



Fiquei chocada!


Até o Nubank já está disponibilizando Bitcoin para compra dentro de sua plataforma, embora ainda não seja possível realizar transferências.



Nubank já disponibiliza Bitcoin e Ethereum, as duas principais criptomoedas, dentro de sua plataforma.


Aparentemente o Bitcoin já está fazendo parte do dia a dia.


É normal que ainda tenhamos muito medo e ressalvas com relação ao Bitcoin. Eu entendo, pois também tenho.


Foi também no livro “Comece pelo porquê” do Simon Sinek que fui apresentada a um conceito muito interessante chamado: A lei da difusão da inovação. Nem todo mundo está disposto a adotar coisas novas imediatamente. Na verdade, os adotantes iniciais são a minoria.



Da esquerda para a direita: Inovadores, adotantes iniciais, maioria inicial, maioria tardia e retardatários.


Já imaginou como foi desastroso para os cocheiros, quando os cavalos começaram a ser substituídos por carros? Ou o quanto as pessoas achavam estranho carregar seu dinheiro em cartões de plástico ao invés de cédulas? A tecnologia é assim. Ela assusta, ela é adotada por alguns, ela vai se estabelecendo.


Com isso quero dizer que certamente o Bitcoin é a moeda do futuro? Eu sinceramente não sei. Mas também sei que não posso afirmar que ela não será mais uma moeda disponível.


Diz o ditado popular: “Todo dia sai um besta e um sabido de casa”.


É natural que novas tecnologias tragam consigo os aproveitadores. E com o Bitcoin não seria diferente. Pessoas mal intencionadas utilizam-se do pouco conhecimento das pessoas sobre o assunto para enriquecerem ilicitamente.


Já são inúmeros casos de fraudes e esquemas de pirâmide que utilizam as criptomoedas, não só Bitcoin, como pretexto para aplicar seus golpes.





Tem mais:




Não acredite em promessas de dinheiro fácil. Isso realmente não existe. Se qualquer pessoa chegar prometendo retornos da ordem de 5, 7, 15, 20% ao mês, corra! Corra para bem longe! Corra para as montanhas!


Vamos às contas:


Digamos que você hoje investisse R$ 10.000,00 e deixasse ele lá quietinho, por 10 anos, a uma rentabilidade de 10% ao mês. A final do período, você teria a bagatela de R$ 927.090.689,00. Mais de 927 milhões!


Deixa eu te contar uma coisa: ISSO NÃO É RAZOÁVEL.


Se fosse possível, todo mundo já estaria rico e viajando para o espaço no foguete do Elon Musk.




CUIDADO COM AS PROMESSAS DE DINHEIRO FÁCIL!


Os golpistas mexem com a ganância. Fazem pessoas pedirem empréstimos, vender bens, para investir em uma fraude. Muito cuidado! Alerte as pessoas que convivem com você.


Além disso, toda nova tecnologia gera “imitações”. Com o Bitcoin não seria diferente.


A partir de sua criação outras criptomoedas surgiram, algumas chamadas de “shitcoins” ou “moedas cocô”. Muitas são criadas até por brincadeira, moedas meme, as memecoins.


Mantenha em mente que, mesmo o Bitcoin, a criptomoeda mais bem estabelecida, é EXTREMAMENTE VOLÁTIL. O que isso quer dizer? Quer dizer que seu valor ainda varia muito. Nem todo mundo tem estômago ou capacidade financeira para lidar com essa volatilidade.




Comprar Bitcoins enquadra-se como um investimento de altíssimo risco.


Hoje não vou me ater às formas legítimas de comprar Bitcoins e como armazenar esse dinheiro eletrônico, pois o texto ficaria enorme. Hoje meu desejo é apenas livrá-lo dos faraós!


Até a próxima.


Texto por: Dayse Santos Arimateia

Especialista em Investimentos ANBIMA

Consultora de Investimentos CVM na Portfel Consultoria Financeira.


Publicado originalmente em 09 de julho de 2022.

 
 
 

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